quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Filhos únicos: amados (ou mimados) demais?


No corre-corre da vida cotidiana moderna, muitos casais optam por ter apenas um filho. Alguns são porque não querem mesmo outra criança. Outros por falta de condições financeiras.


Seja qual for o motivo, essa é a realidade de muitas famílias.
O filho único pode ser sinônimo de conforto. Por ser o primeiro, normalmente ganham dos pais tudo de bom e do melhor. Não que isso seja ruim, mas alguns pais simplesmente não impõem limites e os filhos acabam vítimas de tanta atenção. Acabam mimados, acomodados, birrentos
, egoístas e apresentam mais um bocado de problemas que, se não resolvidos durante a infância, podem se tornar uma dificuldade na vida adulta.
“Muitos pais acham que devem dar tudo o que podem ao filho, por ser único, cultivando a idéia de que ele é o centro do mundo. A criança, ao crescer com excesso de tudo, não aprenderá a valorizar o que tem, sentindo-se sempre insatisfeito. Ser feliz com o que se tem é um importante aprendizado”, alerta a psicóloga e psicanalista Cláudia Finamore, de São Paulo.
Por esse motivo, os papais de primeira viagem devem prestar muita atenção em como tratam e educam seus filhos. Alguns dos principais problemas enfrentados nessa situação têm solução. E sem desesperos.
Para a superproteção, por exemplo, tão presente nesses casos, a psicóloga ensina: “entre a proteção saudável e a exagerada, muitos pais sentem dificuldade em estabelecer seus próprios limites, mantendo uma relação confusa com o filho, gerando incompreensão e prejudicando a autoconfiança da criança”. Moderando a preocupação e policiando a insegurança normal que os pais sentem com relação ao primeiro filho, eles estarão contribuindo para uma relação harmoniosa para ambas as partes. “Os pais devem saber lidar com suas inseguranças e expectativas para que não exagerem nos cuidados e nas cobranças em relação ao filho único”, completa.
Outro desafio enfrentado pelos pais é não mimar os filhos. Uma solução é fazer com que ele aprenda a dividir e, para isso, é necessário que ele tenha com quem dividir. “O filho único, em casa, tem poucas oportunidades de dividir espaços, atenções, emprestar e pegar emprestado. Os pais podem facilitar a socialização do filho único com outras crianças, os deixando frequentar a casa de primos e amigos, como também convidar crianças para sua casa”, sugere Claudia. Ela afirma ainda que é fundamental os pais não se colocarem 24 horas à disposição dos filhos. Assim, eles estabelecem limites e a criança entende o quão importante é aprender a dividir e aguardar a sua vez.
Para finalizar, é muito importante que os pais aprendam a lidar com suas próprias frustrações e não depositem os sonhos nos filhos, esperando que eles sejam aquilo que não são. “O filho único sente-se muito cobrado, acreditando precisar ser perfeito em tudo o que se dispõe a fazer. Essa alta expectativa pode levar a criança a ficar ansiosa e insegura, prejudicando o desenvolvimento”, encerra a psicóloga.

Tomando um pouquinho de cuidado, os pais só contribuirão para o crescimento saudável de seus pimpolhos. Com essas dicas, resta apenas dar todo amor e carinho que puder. Mas sem exageros, claro!

Por Tissiane Vicentin (MBPress)

Um comentário:

  1. Concordo em termos com o artigo... Sou de uma época que eram poucos os filhos únicos. Sei disso porque eu sou filha unica, e tenho mais de 30 anos. Tive apenas um amigo na mesma situação que eu. Meus pais escolheram ter apenas um filho por questões financeiras, então não tive tudo o que quis, mas nem por isso tenho algum tipo de trauma. O bom de ser filho único é que você tem toda atenção de seus pais, mas aí entra o lado ruim também, porque você é mais cobrado. Sempre pedi irmãos para meus pais, mas não consegui. Hoje sou mãe de três filhos maravilhosos, e eles são os meus companheiros. Filho único normalmente não tem muitos amigos ou tem amigos demais. Fica aqui meu recado.

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