segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Homossexualidade

Contexto Individual

Ao nascer a criança não tem consciência do seu sexo biológico e nem do papel social masculino e feminino ligado a sua pessoa. Quando começa a perceber o Eu diferente do TU, assim como as diferenças sexuais pode entrar em contato com a realidade de que não escolheu ter nascido menino ou menina.

A aceitação do seu sexo biológico e o sentimento de pertencimento ao mesmo gênero irá depender de diversos fatores psico-sócio-cultural-familiar associados à própria percepção e leitura do mundo que cada um faz. Também está relacionado ao aspecto afetivo ligado à aceitação/carinho de sua pessoa como um todo, bem como se as pessoas do mesmo gênero são bem vistas ou não por aquelas a quem está ligado afetivamente.

Pessoas que vivenciam a homossexualidade queixam-se de terem sofrido “bullying’ na infância e/ou adolescência. Bullying é uma palavra inglesa que representa todas aquelas situações desagradáveis provocadas por uma criança e/ou adolescente contra um(a) outro(a), causando dor, tristeza ou humilhação. Podemos citar como exemplos de Bullying as seguintes ações: botar apelidos; agredir (bater, chutar, empurrar, beliscar, etc); excluir ou isolar do grupo; roubar ou tirar pertences; rasgar ou quebrar o material escolar/brinquedo; discriminar (não respeitar as diferenças entre as pessoas); perseguir; ameaçar; inventar histórias falsas sobre alguém; etc. Portanto, Bullying pode ser entendido como zoar, gozar, sacanear, implicar, ‘pegar no pé’, perseguir, encarnar, etc.” (ABRAPIA, 2002).

O bullying é aplicado para diversos tipos de violência (física, psicológica e sexual) cometido entre os pares na infância e/ou adolescência com conseqüências para a vida adulta. Pessoas que vivenciam a homossexualidade continuam sofrendo bullying na vida adulta ou vivem estressadas devido ao receio da repetição de tais violências.

Realizei uma pesquisa exploratória juntamente com a colega Sylvanir Castro, na PUC-Rio, em 2002, para verificar as violências sofridas na infância e/ou adolescência e os seus reflexos na vida adulta com diversos grupos, dentre eles o de pessoas que vivenciam/vivenciaram a homossexualidade. Este foi um dos que mais relatou ter xsofrido violências na infância e/ou adolescência.

As violências mais citadas foram as agressões verbais, discriminações e abusos sexuais e as demais: criação diferente da cultura/costumes do país ou lugar em que nasceu, opressão emocional e espiritual, presenciar cenas de violência, abandono, agressão física, negligência e exploração sexual.

Rosa Cukier, psiquiatra, psicanalista e psicodramatista, em seu livro “Sobrevivência Emocional”, São Paulo, Agora, 1998, em seus estudos sobre as dores da infância revividas no drama adulto, declara que:

“(...) quando uma criança percebe que um adulto está sendo injusto ou abusivo, sente raiva, mas nada pode fazer a não ser se submeter. Tal submissão forçada gera, por sua vez, sentimentos de vergonha, humilhação e inferioridade que jamais serão esquecidos, apesar de todos os esforços que fizer para negá-los, disfarçá-los e/ou modificá-los.Nestes momentos de tensão a criança decide algo secreto, como se fosse uma espécie de juramento consigo mesma, e que consiste basicamente num pacto de vingança e ou resgate da dignidade perdida. Algo como: ‘Quando eu crescer e tiver o poder físico que os adultos têm, nunca mais vou permitir que façam isso comigo ou com as pessoas que amo’.Em suma, por trás das dificuldades dos meus clientes adultos, comecei a perceber a existência quase que sistemática de uma criança com seus projetos de vingança e resgate da dignidade perdida, e que, exatamente pela perseverança do projeto infantil, acabava criando as dificuldades adultas atuais.” (CUKIER, 1998, p. 24)

É possível que as violências sofridas na infância e/ou adolescência tenha favorecido o desenvolvimento da homossexualidade de muitas pessoas. O comportamento homossexual na vida adulta também poderá ser uma forma de repetir os jogos sexuais vividos na infância. No que se refere ao abuso sexual, no Brasil, 165 crianças ou adolescentes sofrem abuso sexual por dia ou 7 a cada hora e 50% das vítimas se tornam abusadores. (ABRAPIA. Abuso Sexual: mitos e realidade. Coleção Garantia de Direitos – escola e comunidade. 4a. edição. Petrópolis, RJ : Editora Autores e& Agentes e& Associados, 2002, p.7)

Na pesquisa exploratória já citada acima, verificamos os sentimentos que as pessoas experimentaram com os abusos que sofreram. Quanto ao abuso sexual, o sentimento mais citado foi o prazer, seguido da vergonha, culpa, confusão e medo. Interessante que estes são os mesmos sentimentos que percebemos no cotidiano da maioria dos que vivenciam a homossexualidade.

Parte destas pessoas parecem procurar o afeto na relação com o mesmo gênero; outras, são impulsionadas pelo prazer que o “jogo” da relação homossexual proporciona. Este prazer que acompanha a vida de algumas, é possível que tenha se iniciado a partir dos abusos que sofreram na infância e/ou adolescência.

Há casos em que pessoas parecem ser movidas pelo sentimento de “liberdade” no intercurso sexual com os do mesmo sexo, onde também se sentem mais “compreendidas” e “aceitas”. Com o igual elas experimentam maior segurança, sabem o que fazer e acreditam que só com estes têm condições de sentir o prazer que desejam. Também há o mito de que estas “brincadeiras” só podem ser feitas entre o mesmo sexo - é como se houvesse alguma interdição quanto ao “brincar” com o sexo oposto.

Tal interdição parece semelhante à cultura masculina hétero antiga. Entendem que os homens não podem ter liberdade sexual com as mulheres que se casam só com as prostitutas. As mulheres devem ser tratadas como mãe/irmã e as que se mostram mais fogosas, sexualmente falando, são olhadas com desconfiança como se fossem prostitutas. No caso dos que vivenciam a homossexualidade masculina estas sensações são mais intensas levando-os a perceberem todas as mulheres como mães/irmãs e as que se mostram erotizadas na relação com eles podem gerar em muitos deles verdadeiro pavor. Tudo isto reforçado pelo sentimento de menos-valia e falta de ressonância interna de sensações que confirmem a sua masculinidade. Daí o fato de muitas pessoas que praticam a homossexualidade acharem que só vão poder experimentar o prazer e a liberdade na relação com o igual.

A homossexualidade parece fruto de um somatório de fatores, deixando muitas pessoas confusas e estas necessitam de uma rede de apoio, de um espaço relacional que favoreça a compreensão das mesmas. Todo este relato é para podermos entender melhor de que forma a influência neo-nazista/ativista gay atravessa o contexto individual.

Esta, é parte da entrevista feita a com psicóloga Rosangela Alves Justino publicada pela revista Ultimato em 2003. Todo o conteúdo está disponivel no blog dela:
http://rozangelajustino.blogspot.com/

Vale a pena ler!

Há um livro que indico que fala sobre esse tema e é bem esclarecedor: Homossexualidade - Um guia de orientação aos pais para a formação da Criança, está em
Recomendo estes livros

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